sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Era dor de amor

Foi logo depois do almoço.
Começou de leve.
Os cabelos brancos me convidaram a pensar.
Testei, pensei, tentei entender a extensão e a intensidade.
Continuei caminhando, mas não tinha a certeza de chegar.
Infarto. Ele mesmo. O agudo do miocárdio.
Só podia ser.
Teimoso, continuei me testando.
Na verdade, já sabia que não teria muita chance mesmo e correr para o socorro poderia abreviar meu tempo.
Conversei menos, diminuí os passos e, meio sem graça, olhei para o céu meio que pedindo pela minha permanência.
O tempo continuou passando, cheguei no trabalho e percebi que aquela sensação e também a dor já não estavam mais presentes.
E agora estou aqui.
Confesso, talvez por medo de me julgar, me condenar, que nem refleti muito.
Fiquei tentando entender o que era aquilo.
Tateei hipóteses e só consegui pensar que aquilo era dor de saudade, de ausência.
Senti saudade de te esperar.
Saudade de ficar horas e horas plantado na porta da minha casa esperando você cumprir a promessa de me pegar para almoçar.
O vento arrasava o penteado que preparei só para você.
Meus colegas me chamavam para jogar bola.
Via o Viação Andrade Costa passar inúmeras vezes.
Decidi contar um por um.
Quinze? Vinte? Uns trinta? Todos.
Até que minha mãe veio me buscar com o prato e o colo meu de todo dia.
E foi assim mais um dia.
Senti saudade daqueles febres loucas na época do Natal.
Você nem ficava sabendo.
Eu sempre passava o fim do ano entre a dor e a saudade.
Na verdade, ficava com a dor e a saudade. Com a dor da saudade.
Saudade de usar suas roupas enormes.
Saudade de colocar seus sapatos.
Cheirar as suas meias.
De te ouvir falando uma língua estranha.
De te olhar.
Senti saudade até dos quase trinta dias que fiquei sem andar.
Sim, fiquei sem andar.
Você se foi e fiquei sem pernas.
Você era o meu caminho, meu ídolo, meu amor.
Mas você sumiu.
O colégio ficou chato.
O almoço ficou sem gosto.
Nem de refrigerante eu gostava mais.
Suas roupas sumiram do meu olfato.
Sem você, sem sentido.
Senti saudade daquele dia que te vi.
Te vi me vendo.
Eu jogava bola na rua e um carro lento se aproximava.
Fiquei torcendo para aquele carro passar rápido e para voltar ao jogo.
O carro parecia torcer por mim também e parava para ver o que aquele menino ia aprontar.
Será que ele ia driblar, se livrar dos paralelepípedos e bater para o gol?
Não driblei.
Parei para o carro passar e perdi a jogada.
Parei para te olhar.
Parei para te encarar.
Parei para sorrir alto, gargalhar, gritar para o mundo que era você que ali estava.
Parei de viver por uns instantes.
Pernas trêmulas, braços quase adolescentes crescendo sem controle e seus olhos nos meus olhos.
Meus olhos nos seus olhos.
Você ainda no volante e eu sem controle.
Cair no chão e não andar de novo?
Caminhar firme para sentir seu perfume em um abraço?
Hoje senti a dor de não sentir mais a mesma dor há tanto tempo.
Senti o peso de sua grafia nas cartas.
Senti o peso de seu sofrimento nas palavras.
Você sofreu, eu quase não tive motivos para viver.
Nos demos muito bem, mas sempre convivi, mesmo nos melhores dias dos outros anos, com a incerteza.
Será que ele vai sumir de novo?
Quando vou recomeçar minha busca por ele?
A incerteza era tudo o que você não oferecia no início.
Confiava no meu herói.
Confiava tanto nos seus passos que usava sempre seus sapatos.
Queria ter sido igual e sou feliz por ser diferente.
Não era infarto, era saudade.
Não era a morte, era a lembrança da vida.




domingo, 20 de abril de 2014

TPM

TPM.
A carcaça que nos reveste não tem ideia do que se passa lá dentro, na cabine de comando.
O espelho, vendedor de ilusões, nos dá dicas interessantes.
Parado na parede, ele nos mostra que é preciso cortar o cabelo, diminuir a barriga, observar melhor a ruga.
Inocente, o espelho fala com a carcaça e ela, vaidosa, decide se segue os conselhos ou não.
Mas o mundo e nossas pernas pouco sabem do que vem de dentro.
Lemos sinais, seguimos dicas, observamos regras e vamos, voltamos, ficamos.
A casa das máquinas, ciumenta, não se omite e nos faz mudar planos.
Enganados pelo espelho, achamos que a chave é nossa, mas o comando altera nosso humor.
Risonhos, hormônios mexem nas agendas e sobrancelhas.
Perdemos o pique, a força, a vontade e buscamos achar explicações para tamanhas alterações.
E a central comanda.
Cai uma lágrima e não achamos razões.
Cai outra lágrima e já é o suficiente para perceber que o espelho e a carcaça nada sabem.
A casa das máquinas, que brinca de ser amiga quando quer, dá uma pista e lá está o mês de abril.
O mês de abril me tira do eixo.
Faço contas, me entrego aos planos.
Deixo o espelho palpitar e acho que vou ali e acolá.
Custo a entender o que me deixa menos.
Mas lá dentro o controle já sabe.
Abril de 2014.
Já são 14 anos, né, mãe.
São 14 anos sem ver seu sorriso e seus cabelos.
São longos anos.
E mesmo sem passar nem um único dia sem pensar em você é em abril que tudo muda.
Estou mais forte, mais resolvido, vivido, lúcido e sempre capenga em abril.
Não controlo mesmo.
Dentro de mim tem um calendário e ele me cutuca.
Nem ligo para o espelho e para suas conclusões em abril.
Abril é o mês da Tensão Pós Morte da minha mãe.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Danilamos como nunca e como sempre

Pouco mais de trinta dias.
Saborosos dias.
Dias de descobertas.
Danilo cresceu.
Ele se tornou amigos dos meus amigos.
Os assuntos foram de futebol e até passaram por economia, idiomas, Sílvio Santos, bola, futuro e saudades.
Atravessamos o oceano e colocamos juntos nossos pés no Mediterrâneo.
Visitamos a casa do Picasso, saboreamos as diferenças, olhamos olhares diferentes.
Pegamos trem, cochilamos nele.
Desconfiamos de nossa localização e rimos muito de nossos erros de mapa.
Era hotel para lá, continhas para ver se o dinheiro dava para cá.
Os dias continuavam com as mesmas 24 horas, mas eram 24 horas de intermináveis gargalhadas, observações, abraços e admiração.
Nossas ideias infantis eram infantilmente descartadas e outras ideias infantis, infantilmente, ganhavam mais força.
Trabalho? Ele não me deu trabalho. Tive foi muita satisfação.
Vi que ele transita em ambientes e culturas diferentes.
Hotel, trem, avião, Riad, "praça maluca", restaurante, pizza hut e táxis marroquinos.
Lá estávamos nós.
Vimos Nat Geo, futebol, futebol, futebol, aulas de física em francês.
Rimos de quase tudo e sonhamos com muito mais.
Desafiamos idiomas.
Arranhamos um "hala hala salame" em Marrakech.
Criamos, mas estamos ainda no processo de desenvolvimento da teoria do Wojtyla, nova unidade de velocidade.
E tudo o que foi feito, sempre foi feito com muito carinho e encantamento.
Danilo, que nunca foi de beijos, me deu vários exemplares.
Chegado a abraços e a piadinhas, ele parecia ter dificuldade para saber o que era ele e o que era eu.
Foram mais de trinta inesquecíveis dias.
Mas amanhã...
Amanhã ele se vai.
A saudade da mãe aperta e as exigências do meu trabalho também.
Ele se vai, mas ele nunca foi.
Ele fica, mas ele sempre vai.
Viver é bom, Danilo.
Você é meu sorriso e é minha força para te esperar voltar.




sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Um pequeno Joaquim

Procurei desesperadamente me afastar do assunto.
Não quis ver.
Troquei o canal, deixei sem volume, passei a página mais rápido e até mesmo fechei os olhos.
Fiz de tudo.
Mas seu sorriso me pegou de jeito.
Quis evitar, mas não consegui.
Não convivi com seu sorriso, mas me perdi nele.
Como pode?
Como alguém que conheceu de perto o seu olhar teve coragem de negar sua vida?
Foram três anos, Joaquim.
Três anos!
Viram você chorar, sofrer com as dores na barriga, aprender a falar, cair, tropeçar e levantar.
Viram seus dentes doendo.
Compraram remédio para você?
Trocaram sua fralda?
Deixaram você com dor?
Imagino você correndo.
Será que chutou a bola?
Preferia qual cor?
Quantas decisões você tomou, Joaquim?
Queria saber se alguma música te fazia mais feliz.
Algum desenho te hipnotizava?
Joaquim, não te conheci.
Queria saber sobre seu corte de cabelo.
Sabe, Joaquim, o Danilo, meu filho, só conseguia cortar o cabelo quando eu ia com ele.
E cortar o cabelo nunca foi o forte dele.
Ele gosta de cabelo grande.
Um dia ligaram um videogame para ele e acho que nem percebeu que havia cortado o cabelo.
Difícil foi fazer ele sair do salão.
Quantas histórias você não poderá fazer.
Quantas perguntas você teria.
Seu sorriso, seus olhinhos.
Quanta maldade, anjo Joaquim.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A bola e minha vida

Rodrigo foi a primeira pessoa que consegui chamar de craque.
Jogava fácil.
Era rápido, driblador, inteligente e batia muito bem na bola.
Na verdade, vimos pouco ele bater na bola.
De tão bom, Rodrigo levava a bola até a área e apenas colocava a amada para deitar na rede.
Ele era suave com a bola.
Jaime era um grande goleiro.
Chileno que veio para o Brasil para escapar das mortes, Jaime era firme e nos dava a segurança necessária.
Lá na frente estava eu.
Corria feito um maluco.
Era maluco a ponto de dividir todas e entrar com a bola em uma das divididas.
Magrinho, franzininho e bravo em quadra.
O primeiro jogo daqueles meninos de nove anos foi contra um colégio que chamávamos de Colégio do Carmo.
Recebemos o Carmo na nossa casa.
O Santa Doroteia estava lotado.
Minha mãe estava lá na arquibancada.
O jogo terminou com um tranquilo 7 a 2.
Marquei três ou quatro.
Éramos todos meninos e nosso craque menino sentiu o peso do jogo.
Rodrigo não rendeu, mas o time era bom.
Uma semana depois estávamos nós no Carmo.
Pouco entendíamos sobre saldo de gols, mas sabíamos que até podíamos perder.
Perder?
Perder era coisa de louco para quem achava que o mundo era o pátio do colégio.
Perdemos.
6 a 5.
Marquei mais três.
Minha mãe era a mais orgulhosa das mães.
E aquele time começava a ganhar alguma fama no colégio.
Começamos a treinar e passamos a fazer nossa brincadeira virar ofício.
Um dia um cara estava lá conversando com o Rodrigo.
O cara depois foi falar com o Jaime e ficamos nós três ali.
O cara, meus amigos e um cartão na mão de cada um.
Faminto, só queria sair rápido para almoçar.
Deslumbrado, Rodrigo falava para todos que íamos jogar no América.
Não fomos.
Aquele cartão se perdeu nos nossos sonhos e nossos sonhos começaram a mudar.
A vida ficou melhor para o Jaime e para a Maria da Paz, adorava o nome da irmã dele.
Rodrigo foi morar no interior e minha casa passou a ser distante do Santa Doroteia.
Aqueles momentos e aquele jogo contra o Carmo ficaram na minha memória.

Vivi outros casos tão marcantes com a bola.
A seleção da AABB foi marcante.
Mumu, o treinador, começou a formar um time.
Perguntou a cada um a posição preferida.
Treinei bem a primeira na minha ala direita.
Aprendi cedo a bater bem na bola e sempre gostei de cortar para a direita acertar um cruzado.
Mas no segundo treino fui para a esquerda.
Para a esquerda?
Não gostei, mas treinei.
De pivô no terceiro treino e de fixo no quarto.
Cheguei a imaginar que o gol era um caminho natural.
Nunca repetia minhas posições.
Lamentei comigo mesmo, mas era um escravo maluco em quadra.
A véspera do anúncio do time escolhido pelo Mumu foi um dia especial.
A AABB receberia o Sem Compromisso Futebol Clube.
Cheguei cedo.
Veria meus ídolos.
Aos 16 anos veria Éder, Marcelo e Nelinho contra o time do meu clube.
Claro que aproveitei a presença do Mumu no bate bola para tentar ficar perto dos meus gênios.
E não é que sobrou para mim?
Faltou um, faltou o outro e o time de veteranos passou a ter um adolescente em campo.
Adorava o campo, mas jogava Salão.
E fiz um meia pela direita.
Nelinho, para quem não sabe, gostava de jogar por ali.
E da meia direita, sendo vigiado por ele, percebi que, após um passe ele viria para me apertar.
Nem precisei olhar para a lateral esquerda e acertei uma linda inversão para o Marcelo, lateral do dia.
Seu Mané, gigante, imenso, virou para mim e disse: "Grande bola, garoto".
Claro que perdemos.
Vi Nelinho cochichar que ia bater um elevador na próxima falta.
Vi o elevador subir na barreira e cair no canto do gol.
O jogo foi um sonho.
Nunca perder foi tão gostoso.
E na hora da lista dos selecionados para a disputa da FECEMG vi que meu nome não estava entre os alas.
Nos fixos também não e muito menos pivô.
Fiquei triste, abatido.
Mas a surpresa foi quando Mumu fechou a lista falando que estava convocando um polivalente: eu.
Ele gostou de mim desde a primeira vez e já tinha se decidido por mim.
Trabalhador, escravo, maluco e pau para toda obra.

Um dia antes do meu aniversário saí da minha seriedade e dei uma bela caneta no meu peladeiro marcador.
Humilhado e ridicularizado pelos colegas, percebi que o adversário bufava no meu encalço.
Teria um problema.
Em jogada individual, carreguei a bola da direita para a esquerda.
Passei na corrida por mais alguns, mas o humilhado continuava babando pelo meu tornozelo.
Escapei dele, mas travei o pé em um buraco no campo.
Minha perna parou e meu corpo girou.
Passei meu aniversário no gelo.
Passei os outros dias nos consultórios.
Dr. Ângelo Lazaroni e depois Dr. Ronaldo Nazaré.
Sofri com meu ligamento cruzado anterior todo estourado.
Mas voltei.
Fui recebido de braços abertos pelos meus colegas de time.
Mas todos perceberam que eu ainda tinha medo.
Não batia mais de frente.
Tentava enganar e rolava a bola para fugir do medo da dor.
Pedi para sair.
Apaguei minha luz.

O tempo cuidou, curou.
Disputei outros campeonatos.
Convivi com minha única distensão e minha única contratura.
Tomei bico no joelho, mas estendi a mão para o idiota que quis me pegar.
Fomos campeões no Sindicato dos Bancários.
Na bela e velha ala direita fiz o gol do título em um carrinho com o goleiro batido.

Até que o outro joelho estourou e outra cirurgia.
Dr. Lúcio Flávio fez milagre.
Estourei todos os ligamentos, todos os feixes e muitas lesões no menisco.
Tendo a muleta como parceira, pensei se voltaria.
Voltei.
Realizei meu sonho e vi a família marcar 16 gols na pelada.
Fiz dez e o Danilo fez seis.

Ainda não é chegada a hora de parar totalmente.
Sinto é que não consigo mais competir, não consigo ser rápido e nem maluco.
Nem mesmo bato como já bati na bola.
A derrota de ontem me fez ver que só dá para voltar se for para ser rápido, maluco e competitivo.
Só sei fazer assim.
Só pode ser assim.

Não sei onde está o Rodrigo e espero que o Jaime esteja feliz no seu Chile.
Não tenho mais notícias do Mumu.
Tenho pouco contato com meus amigos do time do campeonato do Sindicato.
Sei que todos eles vão destacar minhas marcas, meu jeito.
Meus sonhos ficaram naquele primeiro buraco.
Meus próximos passos e passes só serão dados se eu estiver forte para não me decepcionar comigo mesmo.
O polivalente não aprendeu a perder.

sábado, 10 de agosto de 2013

Sou seu pai

Fiquei assustado com a sua voz.
Continuava doce, é verdade, mas era mais encorpada.
Sua voz, suas formas.
Você cresceu.
Vi seus braços ficarem desajeitados, largados, caídos, engraçados.
Vi seu pé esticar. Ficou grande, base sólida.
Seus cabelos, sempre compridos, já aceitaram vários penteados e vi todos os que você deixou ver.
E há sempre algo novo no seu já decorado corpo.
Mesmo que o novo seja o velho jeito de me olhar um olhar diferente.
Você sempre gostou de rir de mim, rir para mim, rir comigo.
Contamos casos, inventamos personagens, modificamos histórias e sempre rimos no final, no meio, no início.
Te peguei quando você ia do punho ao meu cotovelo.
Nem tenho mais força para te carregar e agora você vai do chão até meu ombro.
O tempo é o cenário do imenso caso de amor que vivo por você.
Privilegiado cenário.
Das coxias, ele, o tempo, deve ter se rendido ao seu jeito amigo.
Discreto, ele quis apagar suas lágrimas.
Paciente, ele entendeu que a dor nos unia ainda mais.
Alegre, ele nos ensinou que estamos sempre juntos.
Gozador, ele criou um dia para simbolizar o que mais gosto de ser.
Sou seu pai.
Sou seu pai e me acostumei a ver as lágrimas dividindo com você o espaço das suas fotos.
Sou seu pai e me assusto quando vejo o que ser seu pai representa para você.
Sou seu pai e sou muito feliz por ser seu pai.
Sou seu pai.
Sou seu.






sexta-feira, 7 de junho de 2013

Uma pinta e um ponto de interrogação

Tinha o tamanho de uma dúvida.
Imóvel, ela viu a dúvida crescer.
E as dúvidas quando crescem se tornam inquietação.
E a inquietação pode se tornar desespero ou apenas uma inquietação com momentos de aflição.
Meus momentos de aflição foram poucos, mas existiram.
Fiquei sabendo que ela era estranha.
De estranha, para mim, virou feia, quase venenosa.
Só mesmo um especialista em coisas feias e quase venenosas para retomar a tranquilidade.
E ela continuava lá, pequena como uma dúvida pequena.
Estranha? Que nada!
A médica viu minha sorrateira pinta nas costas e falou que ela não oferecia riscos.
Ela era apenas uma pinta nas costas.
Mas ela era uma pinta nas costas e tinha se tornado uma pinta nas costas e uma dúvida na cabeça.
Com poucos dias ela passou a ser uma pinta nas costas, uma dúvida na cabeça e uma pequena e imprecisa dorzinha.
Se eu não tivesse mostrado a minha quase grande inquietação a quem entende de pintas, a quase grande inquietação teria virado um desespero, uma aflição.
E poucos e longos segundos foram suficientes para que minha quase grande inquietação se transformasse em  alívio.
E meu alívio virou humor.
Meu humor apagou minha dúvida e ainda resolveu escreveu umas linhas...