Procurei desesperadamente me afastar do assunto.
Não quis ver.
Troquei o canal, deixei sem volume, passei a página mais rápido e até mesmo fechei os olhos.
Fiz de tudo.
Mas seu sorriso me pegou de jeito.
Quis evitar, mas não consegui.
Não convivi com seu sorriso, mas me perdi nele.
Como pode?
Como alguém que conheceu de perto o seu olhar teve coragem de negar sua vida?
Foram três anos, Joaquim.
Três anos!
Viram você chorar, sofrer com as dores na barriga, aprender a falar, cair, tropeçar e levantar.
Viram seus dentes doendo.
Compraram remédio para você?
Trocaram sua fralda?
Deixaram você com dor?
Imagino você correndo.
Será que chutou a bola?
Preferia qual cor?
Quantas decisões você tomou, Joaquim?
Queria saber se alguma música te fazia mais feliz.
Algum desenho te hipnotizava?
Joaquim, não te conheci.
Queria saber sobre seu corte de cabelo.
Sabe, Joaquim, o Danilo, meu filho, só conseguia cortar o cabelo quando eu ia com ele.
E cortar o cabelo nunca foi o forte dele.
Ele gosta de cabelo grande.
Um dia ligaram um videogame para ele e acho que nem percebeu que havia cortado o cabelo.
Difícil foi fazer ele sair do salão.
Quantas histórias você não poderá fazer.
Quantas perguntas você teria.
Seu sorriso, seus olhinhos.
Quanta maldade, anjo Joaquim.

Nenhum comentário:
Postar um comentário