sexta-feira, 7 de junho de 2013

Pai e filho torcedores

A tinta e o papel tentam se entender.
Ela quer ser compreendida e ele apenas escuta, aceita.
O mar, agitado, grita e esperneia.
A areia, passiva, se oferece, compreende.
O dia se divide para que sol e lua brilhem.
O mundo e a  vida se fartam de relações.
Algumas relações são passageiras, agradáveis ou não.
Outras são esculpidas no coração.
Marcantes, marcadas.
Me relaciono com meu filho com toda a minha força.
O dia tem mais sentido após ouvir a voz dele.
Busco interesses comuns, afinidades.
Invisto em quantidade e em qualidade.
Quero mais, busco mais, quero melhor.
Deixo a memória vasculhar meu passado e comparo.
Vago entre lembranças de desencontros e confronto com cenas próximas de afinidade, cumplicidade.
Meu filho, meu amigo.
Minhas lembranças não dão conta de momentos como os que vivemos há alguns dias.
Alimentando sonhos, estávamos nós diante do fracasso.
O sorriso largo havia se convertido em palavras soltas arremessadas ao nada.
Repetíamos, ainda que sem fé, o nosso mantra.
O fim estava logo ali e olhávamos tentando não ver.
Como em um filme, mocinho e bandido.
O bandido tinha o poder da decisão.
E não estava em jogo apenas o jogo ou a classificação.
Meus longos papos com meu filho e nosso assunto preferido estava sendo questionado.
Não teríamos mais o que falar sobre aquilo?
Não riríamos mais de nossos heróis?
Cairíamos com a cara no chão da realidade dura?
Nos ampararíamos como pai a filho e sonharíamos novos sonhos?
Esperaríamos, querendo não esperar e sem esperanças, pelo nosso mocinho?
Milagre. Choro. Alívio. Felicidade. Mãos dadas.
Os passos seguintes foram trilhados com afetos e sonhos.
Sonhamos juntos e aceitamos que um clube será eterno em nossa cumplicidade.
Nossa relação, pai e filho, é de amigo e amigo, torcedor e torcedor.
Precisamos um do outro e vivemos juntos nossas euforias.
Naquela noite, aquele herói nos tornou, mais uma vez, um.


O mocinho defendendo pai e filho

Nenhum comentário:

Postar um comentário