Ele já não cabe no meu antebraço.
Já coube um dia.
Peguei com todo o cuidado e vi ele ali.
Um ser inteiro no meu antebraço.
Os dias se passaram e foi difícil perceber que ele não era uma extensão do meu corpo.
Amei, amei muito.
Usei toda a minha força para amar e amei.
Um amor inteiro no meu antebraço.
Ele crescia, corria e se divertia com minhas imperfeições.
Viu meus limites e gargalhou deles.
E meus limites estavam cada vez mais escancarados.
Um limite inteiro no meu antebraço.
Às vezes a brandura era deixada de lado.
Conviver com as nossas diferenças era um desafio para mim.
Passei a amar as diferenças dele e ele continuava rindo de mim.
Um sorriso inteiro no meu antebraço.
Ontem sonhei com meu amor.
E no sonho ele voltava a ser pequeno.
Queria falar com ele a língua que falo hoje, mas ele só ria e chorava como aquele menino.
Aquele mesmo menino que esteve no meu antebraço.
O sonho pode ter sido a marca de que ele é ele e eu sou eu.
Ele já sonha um sonho e até se permite sonhar comigo.
Ele é meu sonho e quero que seja sempre assim.
Um sonho inteiro no meu antebraço.
Ele vai ficar distante um tempo.
Minha consciência sabe que preciso ser leve com a ausência.
Vou sentir cada minuto da distância.
Mas vou conservar o carinho daquele primeiro dia no meu antebraço.
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