Carrego marcas invisíveis, medos terríveis e missões complicadas.
Como irmãs cajazeiras, marcas, medos e missões andam muito juntas.
Inseparáveis, antagônicas, observadoras.
Não sei qual é meu maior medo, mas sei que ele advém de uma marca que não quero ver de novo e sei que minha missão é virar o jogo: transformar vergonha em orgulho.
Hoje, fiz meu filho se orgulhar.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Eu e minha mãe
Abro uma gaveta virtual e leio o que foi escrito em 2009.
A cena era a de um filho, já maduro, olhando fotos de um passado tão gostoso e tão inquieto.
Na foto, estava no seu colo. Curioso, tentava entender o
botão de seu vestido.
Você me carregava, amparava. Mostrava para o mundo o que
havia tornado seu novo centro. Não consigo me lembrar de seu cheiro. Lembro
claramente da voz, do toque, do sorriso e da angústia.
Outra foto e outro carinho. Vila Sésamo, velas, bolo e
palmas. Seu sorriso destaca mais que tudo. Quantos anos eu fazia? Quanto
cuidado você tinha!
Mais uma? Ele tirando fotos e eu em cima do carro? No colo
uma bola, parceira de sonhos e sonhos. Você pertinho. Parece tentar convencer
de que seria mais seguro no do que sobre. Meu olhar desconversava. Olhar
perdido como no dia da morte dos peixinhos. Como foi duro entender o infinito.
Confesso que ainda não compreendo muito.
A próxima é linda! Cabeça baixa, tentava ficar de pé
enquanto as ondas que batiam no tornozelo iam e vinham. Você, mão na minha
perna, preocupada em ensinar a postura e o equilíbrio diante das diversas ondas
que viriam. Vão e vem.
Sei que a ausência dele te matou aos poucos. Imagino que por
seu rosto moreno ondas de lágrimas foram e voltaram. Até secarem.
O mundo te deu golpes. Você soube permanecer de pé. A casa
diminuiu e a escola ficou longe. O carro encolheu e desapareceu. Meu mundo infantil de bola, assovios, suor e
feijão gostoso conheceu lugares diferentes. Viajamos, partimos, mudamos. Sei
que eu era o empecilho e ao mesmo tempo o motivo. Nos seus braços adormecia e
ao meu lado o branco tingiu seu cabelo.
Troquei muito cedo seus carinhos e risadas pelos arquivos e
carimbos. Saía cedo e voltava tarde. De manhã o tergal azul escuro e à tarde o
azul claro. Escola e trabalho. Depois, novela ao seu lado. Acobertava, dava
abrigo, dava mão. Dividimos com oito a casa, que era oficina. O coração, sei,
era só meu.
Nas linhas da palma de sua mão muitos caminhos e esquinas.
Qual teria sido erro? Seu toque suave conduziu meu passo. Por aqui, por ali? O
rumo nunca soube. Ensinou-me o caminhar.
Meu calendário virava rápido e percebi que o seu permanecia
lá. Dias que foram meses até acreditar que poderia não rir de novo. Meses
viraram anos sem coçar suas costas e espremer suas espinhas. Já não canto
aquela música que alargava sua boca. Tenho muito pra dizer, preferia só te
abraçar. Sei que foi melhor assim, sei que é pior assim.
Imagino quão coruja estaria agora. Queria devolver a
alegria. Os dias têm sido curtos. Lá e cá estão bem próximos. Você não
desgrudaria do chiado do rádio sempre mal sintonizado. Espalharia os horários e
divulgaria a gargalhada por todas casas. Carrego no corpo seus traços e espalho
os laços que nos uniram
São nove anos desde aquele dia. Nunca, nem um dia, deixei de
pensar em você. Trago tudo na lembrança. Só não carrego seu cheiro.
domingo, 11 de novembro de 2012
Meu mundinho
Sair do ovo (nem vem com esse papo de sair do armário).
Deixar as ideias tomarem corpo, atitude e voz.
Mas falta coragem e sobram cálculos para segurar o impulso de querer voltar.
Voltar pro meu mundinho, meu mundinho, meu mundinho.
Meu e só meu. Meu mundinho pequenininho.
Onde não tenho paz e nem tenho guerra.
Não tenho amor e nem raiva.
Não tenho expectativa e nem frustração.
Meu mundinho, mundinho, mundinho.
Deixar as ideias tomarem corpo, atitude e voz.
Mas falta coragem e sobram cálculos para segurar o impulso de querer voltar.
Voltar pro meu mundinho, meu mundinho, meu mundinho.
Meu e só meu. Meu mundinho pequenininho.
Onde não tenho paz e nem tenho guerra.
Não tenho amor e nem raiva.
Não tenho expectativa e nem frustração.
Meu mundinho, mundinho, mundinho.
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